Operação contra instituto de pesquisa gerou onda de desagravo

Metodologia aplicada pelo Instituto Verus em pesquisa qualitativa é a mesma usada em todo o mundo, defende Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa

26 de maio de 2022 às 17:36

A metodologia de pesquisa utilizada pelo Instituto Verus em outubro de 2010, para avaliação qualitativa da opinião de eleitores, denominada Focus Group, é a mesma utilizada em todo o mundo para avaliar a reação dos convidados sobre um produto ou uma marca publicitária e em nenhuma hipótese configuraria tentativa de compra de votos. A informação foi unânime em notas divulgadas por entidades representativas de empresas da área em outubro de 2010, depois que operação policial equivocada resultou na prisão de 15 pessoas que realizavam uma pesquisa qualitativa em um grupo focal reunido em um hotel na cidade de Anápolis.

Posteriormente, as ações foram extintas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-GO), que descartou qualquer irregularidade na pesquisa realizada.

A operação policial, às vésperas do segundo turno da eleição para governador em 2010, provou uma onda de desagravos públicos ao Instituto Verus, que fazia a pesquisa com o grupo focal. Em um deles, a Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP) se manifestou contra as prisões. “De forma alguma, esse tipo de ação representa compra de votos dos convidados, alegação para as prisões. Esse tipo de pesquisa, realizada da mesma forma, em todo o mundo, tem o objetivo de avaliar a opinião de oito ou doze pessoas dispostas numa sala, onde os profissionais da área analisam a reação dos convidados sobre um produto ou campanha publicitária, assim como sobre um debate ou campanha eleitoral”, atesta a nota da ABEP.

A ABEP enfatizou que segue um código de ética de nível internacional (Esomar), ao qual todos os filiados estão subordinados, e segue ainda o Código de Autorregulamentação que rege essa indústria, os padrões de qualidade, o Guia de Publicação de Pesquisas Eleitorais, entre outros. Também em nota pública oficial, o Sindicato Nacional das Empresas de Pesquisa de Mercado (Sinpeme) pontuou que em regimes democráticos e de pleno direito – no caso do Brasil –, “a liberdade econômica é pedra fundamental e a pesquisa de mercado, como toda iniciativa lícita, é uma atividade plenamente reconhecida e necessária, não somente as de caráter político como as de opinião pública em geral”.

Total despreparo”

“Em especial a essa esdrúxula e transversa interpretação, querendo qualificar em delito de compra de votos, lamentamos profundamente – sendo atribuído, tal fato, ao total despreparo e falta de conhecimento das tradicionais e tão divulgadas práticas para a realização das Discussões de Grupo – Pesquisas qualitativas”, prossegue a nota, assinada por seu presidente, Geraldo Magela Belo. Ele observa, ainda, que o diretor do Instituto Verus, Luiz Felipe Gomes, colocou à disposição fita gravada, onde se pode comprovar, “sem sombra de dúvida, tratar-se de uma pesquisa que atende todos os códigos de ética e do bem proceder dos órgãos, associações e demais entidades de pesquisa de mercado”.

A Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) também se manifestou, esclarecendo que os procedimentos da empresa, conforme noticiados pela imprensa, são praxe na realização de pesquisas qualitativas, que envolvem o pagamento de ajuda de custo e entregas de brindes aos participantes, oferecimento de alimentação e locação de salas, especialmente quando se trata de discussões em grupo. “A ASBPM repudia a ação da Polícia Federal que resultou na prisão de pesquisadores e pesquisados que participavam de reunião legítima no Hotel Príncipe, no centro de Anápolis, sob acusação de compra de votos”.

O Grupo Tortura Nunca Mais foi outro que se posicionou publicamente em repúdio às prisões realizadas. “A volta das liberdades democráticas, consumada em 1985, passando pela primeira eleição presidencial em 1989 até a presente eleição não pode ser manchada por episódios que relembram os piores momentos do regime militar de triste memória”, diz a nota. “Luiz Felipe Gomes é um profissional honrado, cujos serviços são utilizados por empresas de diversos ramos do mercado”, atestou o Grupo Tortura Nunca Mais.

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